Ele a abraçou, ela não resistiu. Ultimamente a achava muito fria e passiva, sentia falta dos dias de amores calientes. Pedro era apaixonado por Elizabeth desde o colégio, e estavam juntos há anos. Casados, apaixonados e ativos sexualmente.
A acariciou no rosto, ela não respondeu. Ele insistia nos carinhos e ela permanecia inerte. Pedro pensava que o amor dela havia acabado; chegou a lagrimar por imaginar tamanha bobagem e se limitou a pensar que mal podia ter feito a sua esposa.
Sussurrava em seus ouvidos os mais belos poemas já escritos em toda a história da humanidade, e ela não dava a mínima.
Havia algo de muito errado com ela, que não mais respondia suas carícias, não mais incomodava os vizinhos com seus orgasmos, ela simplesmente não reagia. Arrancou-lhe as roupas, bateu no rosto dela, urrava "Diz que me ama! Porra!", mas ela continuava calada e não esboçava menor reação.
O que Pedro havia feito de tão ruim, para a pessoa que mais amava no mundo do dia para a noite ignorá-lo? Não tinha outras mulheres, não era bonito para outras pessoas os desejarem, tinha uma vida comum e monótona, freqüentava umas vezes a igreja outras a ubanda.
Deitou ao lado dela, pediu desculpas. Nunca deveria ter-lhe batido, ela estava de costas para ele e não se incomodava de virar para olhá-lo na face. Ele pedia perdão, e ela permanecia do mesmo jeito.
Ele beija sua nuca e diz "Eu te Amo", quando a campainha toca.
Ele põe um roupão e desce, dá pra ver as luzes giratórias da polícia. Algum vizinho deve ter visto ou ouvido o tapa. Teria de explicar as autoridades o ato de violência doméstica.
- Senhor Pedro Alcântara?
- Sim, sou eu.
- Queira nos acompanhar, o senhor está preso por posse e ocultação do cadáver de Elizabeth Âlcantara.
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