Margot era a mais linda do escritório. As pernas mais torneadas e o seios mais fartos.
Seu marido Arnaldo era o mais canalha de todos, chegando em casa pela manhã de quinta-feira com bafo de cachaça e batom de uva no colarinho.
Enquanto seu filho chamava de Toninho, o mais mimado e egoísta de todas as crianças do bairro.
Dr. Tarso era o advogado seu chefe, que a assediava sempre que ia pegar um café. E era um viciado em cafeína.
Digão era o maníaco do trem que sempre tentava roçar seu pau nela pelas manhãs.
No meio disso tudo ainda tinha a aproveitadora Dona Flávia que arrumava alguma desculpa e uma mentira para Margot lhe arrumar dinheiro, não negava dinheiro à mãe mesmo ela sendo viciada em jogo.
Sem esquecer de Seu Roberto, que dizia para todo mundo que tinha problemas de memória e de respiração, onde colocava cânhamo concentrado no recipiente de seu nebulizador.
Então um dia Toninho pediu dinheiro para ir ao colégio, já que o pai estava bêbado no sofá e reclamou que o dinheiro e a atenção que Margot o dava não eram suficientes. Já que ela trabalhava a duas horas de casa e o dia inteiro para manter a casa em ordens já que Arnaldo sempre perdia o emprego. Margot engoliu a seco as palavras do menino.
No onibus finalmente Digão conseguiu ficar roçando seu pau como um típico tarado de trem em Margot, que na lotação absurda do vagão ela não tinha como fugir daquele abuso. Chegou no trabalho e seu chefe pediu para que ela abrisse um pouco o decote, ela se recusou. Ele entrou furioso.
O telefone tocou, era a mãe pedindo dinheiro para o fundo das senhoras de poucas posses, Margot sabia do que se tratava e disse que daria um jeito. Quando Dr. Tarso passou e ficou olhando para as pernas da secretaria, tal qual um lobo saliva a presa; ela as enfiou para baixo da mesa.
O telefone mais uma vez toca, era Dona Flávia novamente informando que o pai estava sendo preso por plantar maconha em seu quintal, disse que precisava de um advogado. Margot não tinha dinheiro, precisava falar com o patrão.
Abriu a porta e ele respondeu com aquele olhar de tarado. Perguntou do que se tratava, ela esclareceu. Ele levantou de sua mesa, colocou a secretaria contra a porta, fechando-a e disse que estava disposto a ajudar. Desceu o dedo de leve arregaçando o decote, ela o empurrou forte e ele caiu sobre a mesa de centro, de vidro, felizmente causando um acidente não fatal e infelizmente decisivo na carreira de Margot.
Demitida, arrumava as coisas já pensava em outros advogados conhecidos para intercederem por seu pai e trabalhistas para tratar de seu assédio por Dr. Tarso. Estava indo embora quando o celular tocou.
Era uma nova personagem que se apresentava, seu nome: Júlia, a dona do batom de uva. E só tinha uma coisa a dizer "Estou grávida de Arnaldo" e desliga.
Margot não era do tipo histérica, mas nesse dia ela resolveu gritar e gritou, com toda a sua força à plenos pulmões. E gritou, e gritou, disseram que os sistemas de comunicação tiveram interferência, que se escutou o agudo grito na China acordando inclusive os preguiçosos pandas do zoológico de Pequim. Era um grito como nenhum outro, somente os sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki já tinha ouvido algo similar, mas não tão assustador.
E 30 segundos que Margot havia começado, parou de gritar e viu a devastação do que fez. 32,75km de destruição em cada direção que olhava, claro não sabia disso, mas sabia que tinha destruído a cidade inteira. Arnaldo, Toninho, Tarso, Digão, Flávia, Roberto e Júlia não existiam mais.
Respirou fundo e pensou como foi fácil resolver todos os seus problemas.
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