terça-feira, 29 de abril de 2008

Amor Precognitvo

Pedro Luís tinha o dom da premonição, mas não era um altruísta. Muito pelo contrário, devia ser a pessoa mais egoísta que ele mesmo conhecia.

Podia prever com precisão todo e qualquer acontecimento, mas não deixava que as visões simplesmente acontecessem, ele controlava o processo. E por mais que a física não explicasse como, ele alterava seu próprio futuro e das pessoas em seu entorno. Impedindo o fluxo natural das coisas.

Aos cinco anos quando a uma menina do jardim de infância disse que queria namorar com ele, ele disse que sim pois queria dar o seu primeiro beijo na escola, mas que ela nunca iria querer dividir um pirulito com ele. E realmente, nunca aconteceu. O relacionamento não durou mais que um recreio.

Aos doze, negou um relacionamento por saber que a menina iria ficar com seu tão adorado Nevermind do Nirvana. Nem deu chance para ela, com isso o futuro mudou a garota hoje conhecida como Lovefoxx e tem uma banda internacionalmente conhecida, e não suporta ouvir falar em Kurt Cobain.

Mal tinha 15 e gritou com uma menina na rua "A merda do disco do Roberto é meu!". Era realmente muito ciumento com seus discos, nunca mais viu a menina.

Com dezesseis ele aceitou um namoro que ele sabia que duraria até os 21, depois de ótimos 5 anos de sexo ele iria conhecer outra pessoa, mas aos 16 o máximo que ele sabia sobre aquele evento é que ele aconteceria, só quando conhecesse a pessoa é que ele poderia prever.

E como profetizado, aos 21 a conheceu. A pessoa mais adorável e delicada do mundo, ficaram apenas uma vez. Pois na erupção de todo aquele amor, ele negou saber como aquilo terminaria, pela primeira vez, não importava. Se tivesse feito, teria evitado a trágica e fulminante batida de carro. Ela morreu e ele ficou tetraplégico. Depois desse dia, não mais conseguiu enxergar em nenhuma pessoa um relaciomento válido ou muito menos durador.

Os dias eram lentos e se passavam a passos largos. O destino é o mais injusto de todos os justos, naquela situação aconteceu de ele nunca ter assistido Menina de Ouro para pensar em mastigar a própria língua para se afogar em seu sangue e acabar com seu sofrimento que o consumia por dentro.

Se culpava todos os dias por não ter usado o dom quando devia, como tinha sido egoísta naquele momento e como o foi a vida toda. Mas isso o fez ver que suas premonições não tinham propósitos individuais e se focou no coletivo, virou guia espiritual em uma comunidade exotérica no centro-oeste brasileiro e viveu o resto de seus dias com toda a dignidade possível de quem não consegue nem ao menos comer ou se limpar sozinho.

E refletia, sobre como é justo o destino injusto.

2 comentários:

cintilante disse...

ai meu pai, que coisa isso.

Médici disse...

é o futuro!