Pedro Luís tinha o dom da premonição, mas não era um altruísta. Muito pelo contrário, devia ser a pessoa mais egoísta que ele mesmo conhecia.
Podia prever com precisão todo e qualquer acontecimento, mas não deixava que as visões simplesmente acontecessem, ele controlava o processo. E por mais que a física não explicasse como, ele alterava seu próprio futuro e das pessoas em seu entorno. Impedindo o fluxo natural das coisas.
Aos cinco anos quando a uma menina do jardim de infância disse que queria namorar com ele, ele disse que sim pois queria dar o seu primeiro beijo na escola, mas que ela nunca iria querer dividir um pirulito com ele. E realmente, nunca aconteceu. O relacionamento não durou mais que um recreio.
Aos doze, negou um relacionamento por saber que a menina iria ficar com seu tão adorado Nevermind do Nirvana. Nem deu chance para ela, com isso o futuro mudou a garota hoje conhecida como Lovefoxx e tem uma banda internacionalmente conhecida, e não suporta ouvir falar em Kurt Cobain.
Mal tinha 15 e gritou com uma menina na rua "A merda do disco do Roberto é meu!". Era realmente muito ciumento com seus discos, nunca mais viu a menina.
Com dezesseis ele aceitou um namoro que ele sabia que duraria até os 21, depois de ótimos 5 anos de sexo ele iria conhecer outra pessoa, mas aos 16 o máximo que ele sabia sobre aquele evento é que ele aconteceria, só quando conhecesse a pessoa é que ele poderia prever.
E como profetizado, aos 21 a conheceu. A pessoa mais adorável e delicada do mundo, ficaram apenas uma vez. Pois na erupção de todo aquele amor, ele negou saber como aquilo terminaria, pela primeira vez, não importava. Se tivesse feito, teria evitado a trágica e fulminante batida de carro. Ela morreu e ele ficou tetraplégico. Depois desse dia, não mais conseguiu enxergar em nenhuma pessoa um relaciomento válido ou muito menos durador.
Os dias eram lentos e se passavam a passos largos. O destino é o mais injusto de todos os justos, naquela situação aconteceu de ele nunca ter assistido Menina de Ouro para pensar em mastigar a própria língua para se afogar em seu sangue e acabar com seu sofrimento que o consumia por dentro.
Se culpava todos os dias por não ter usado o dom quando devia, como tinha sido egoísta naquele momento e como o foi a vida toda. Mas isso o fez ver que suas premonições não tinham propósitos individuais e se focou no coletivo, virou guia espiritual em uma comunidade exotérica no centro-oeste brasileiro e viveu o resto de seus dias com toda a dignidade possível de quem não consegue nem ao menos comer ou se limpar sozinho.
E refletia, sobre como é justo o destino injusto.
terça-feira, 29 de abril de 2008
segunda-feira, 28 de abril de 2008
Podolatria Incontida
As pessoas caminham e eu posso escutar cada passo, todo pé emite seu barulho próprio: pois cada um carrega em si um peso diferente, possui um formato diferente, a sua digital é o seu caminhar. Queria poder morar na praia, onde as pessoas andam descalças e poderia saber exatamente o som de cada pisada como uma identidade. Mas infelizmente não posso. E o pior de tudo, agora é inverno.
Não sei explicar ao certo a sensação de prazer que tenho ao admirar um pé. Observo tudo: desde o movimento do tarso em contato com a perna até a ponta das falanges distais. Não sei explicar como é bonito um pé bem formado, como isso me excita, como isso me enche de prazer e me faz parecer tão esquisito aos olhos de tantos.
Quanto eu não daria para ver um pé neste inverno, pois é claro que com essa minha fixação as namoradas ficaram longes e acabo me voltando para os pés de aluguel. Mas as mulheres sumiram das ruas, só encontro travecos com seus pés tamanho 42, tamanhos esses que não me interessam. Se vocês pudessem escutar como é a pisada de um homem usando um salto, nem mesmo precisariam olhar nos meios das pernas para saber do que se trata de um individuo másculo e como é ofensivo aos meus sensíveis ouvidos tal situação.
O pé da mulher tão fino, delicado, unhas feitas, dedos bem distribuídos; interessantes, ao contrário dos pés masculinos, grossos e desengonçados, unhas por fazer e dedos calejados de tanto futebol. Pés de atletas não se comparam em nada com os pés das dondocas, que visualmente me enchem os olhos em um salão.
As vezes reflito sobre essa minha obsessão e o quanto ela move minha vida, mas é algo além da minha vontade e compreensão. Definitivamente é uma paixão avassaladora e intensa que move a minha observação ao pé alheio. A cada segundo que passa é uma nova paixão diferente, um pé em um calçado. Uma doce emoção.
Me perco na agonia quando o inverno chega e as sandálias rasteiras desaparecem, os scarpins vão sumindo gradativamente, tudo vira bota.
Como é ofensivo o som da bota, aquele maldito o salto carregado, o pisar estranho. Tudo fica tão ruim no inverno, que penso em ficar em casa. Mas não, não posso, a vontade de captar um pé novo é maior. Só que não adianta, todos estão com encapados. Por deus, tudo que eu queria era ver um pé que não fosse o meu.
Nem todos os pés são adoráveis, alguns tens joanetes que mais parecem esporões de tão horríveis que são. Aos olhos desatentos passam despercebidos dentros dos sapatos, mas para mim, aquele pequeno volume forçando o sapato como uma lança era degradante de ver, e como a pior das doenças não havia cura. O joanete é uma celebração da postura incorreta, de algo que a seleção natural esqueceu de limar. Ao mesmo tempo vejo pisadas leves e cautelosas que escondem calos, quem tem calo não cuida de seu pé e quem não cuida dele não merece tê-lo. Talvez eu esteja louco ao afirmar isso, mas sou um maníaco podólatra, não devem esperar de mim menos que isso.
Não sei como cheguei no lugar, como me pus embaixo da escada. Algo completamente intuitivo, instintivo. Não sei. As pessoas ao longe comentavam, eu não escutava. O som alto, as luzes piscantes atrapalhavam a minha percepção. Mas eu podia ler os lábios e ver seu olhar reprobatório, eles falavam de mim. Me chamavam de tarado. Sim, eu sou um tarado. Só que não estava ali pela calcinha de ninguém. Pouco me importava gorda ou magra, entroncada ou esguia. Me interessava no alto do tarso que era possível ver entre uma pisada e outra.
Excitante e inebriante a experiência de ficar debaixo da escada, pena, mas pena mesmo ser inverno. E naquele momento escutei o que eu defini como "A sinfonia do pisar", sim, os passos lentos e corretamente espaçados, a palma do pé pisava exatamente como um livro de anatomia dizia que um pé humano deveria pisar. Sincronia perfeita entre os ossos, músculos e o solo. Não resisti de por a mão para que aquela maravilha pisasse a minha mão.
Quero te lamber, quero de adorar pé maravilhoso. Me chuta, vais me fazer feliz assim. Te quero me pisando, pois é assim que te gosto. Vem me fazer feliz, mesmo que tua dona ache isso estranho. Uma experiência avassaladora dos sentidos, é o que eu espero. O que não acontece.
Volto para casa frustrado, me masturbo com um catálogo de sapatos. E espero o verão chegar ou que alguém tropece em mim.
Não sei explicar ao certo a sensação de prazer que tenho ao admirar um pé. Observo tudo: desde o movimento do tarso em contato com a perna até a ponta das falanges distais. Não sei explicar como é bonito um pé bem formado, como isso me excita, como isso me enche de prazer e me faz parecer tão esquisito aos olhos de tantos.
Quanto eu não daria para ver um pé neste inverno, pois é claro que com essa minha fixação as namoradas ficaram longes e acabo me voltando para os pés de aluguel. Mas as mulheres sumiram das ruas, só encontro travecos com seus pés tamanho 42, tamanhos esses que não me interessam. Se vocês pudessem escutar como é a pisada de um homem usando um salto, nem mesmo precisariam olhar nos meios das pernas para saber do que se trata de um individuo másculo e como é ofensivo aos meus sensíveis ouvidos tal situação.
O pé da mulher tão fino, delicado, unhas feitas, dedos bem distribuídos; interessantes, ao contrário dos pés masculinos, grossos e desengonçados, unhas por fazer e dedos calejados de tanto futebol. Pés de atletas não se comparam em nada com os pés das dondocas, que visualmente me enchem os olhos em um salão.
As vezes reflito sobre essa minha obsessão e o quanto ela move minha vida, mas é algo além da minha vontade e compreensão. Definitivamente é uma paixão avassaladora e intensa que move a minha observação ao pé alheio. A cada segundo que passa é uma nova paixão diferente, um pé em um calçado. Uma doce emoção.
Me perco na agonia quando o inverno chega e as sandálias rasteiras desaparecem, os scarpins vão sumindo gradativamente, tudo vira bota.
Como é ofensivo o som da bota, aquele maldito o salto carregado, o pisar estranho. Tudo fica tão ruim no inverno, que penso em ficar em casa. Mas não, não posso, a vontade de captar um pé novo é maior. Só que não adianta, todos estão com encapados. Por deus, tudo que eu queria era ver um pé que não fosse o meu.
Nem todos os pés são adoráveis, alguns tens joanetes que mais parecem esporões de tão horríveis que são. Aos olhos desatentos passam despercebidos dentros dos sapatos, mas para mim, aquele pequeno volume forçando o sapato como uma lança era degradante de ver, e como a pior das doenças não havia cura. O joanete é uma celebração da postura incorreta, de algo que a seleção natural esqueceu de limar. Ao mesmo tempo vejo pisadas leves e cautelosas que escondem calos, quem tem calo não cuida de seu pé e quem não cuida dele não merece tê-lo. Talvez eu esteja louco ao afirmar isso, mas sou um maníaco podólatra, não devem esperar de mim menos que isso.
Não sei como cheguei no lugar, como me pus embaixo da escada. Algo completamente intuitivo, instintivo. Não sei. As pessoas ao longe comentavam, eu não escutava. O som alto, as luzes piscantes atrapalhavam a minha percepção. Mas eu podia ler os lábios e ver seu olhar reprobatório, eles falavam de mim. Me chamavam de tarado. Sim, eu sou um tarado. Só que não estava ali pela calcinha de ninguém. Pouco me importava gorda ou magra, entroncada ou esguia. Me interessava no alto do tarso que era possível ver entre uma pisada e outra.
Excitante e inebriante a experiência de ficar debaixo da escada, pena, mas pena mesmo ser inverno. E naquele momento escutei o que eu defini como "A sinfonia do pisar", sim, os passos lentos e corretamente espaçados, a palma do pé pisava exatamente como um livro de anatomia dizia que um pé humano deveria pisar. Sincronia perfeita entre os ossos, músculos e o solo. Não resisti de por a mão para que aquela maravilha pisasse a minha mão.
Quero te lamber, quero de adorar pé maravilhoso. Me chuta, vais me fazer feliz assim. Te quero me pisando, pois é assim que te gosto. Vem me fazer feliz, mesmo que tua dona ache isso estranho. Uma experiência avassaladora dos sentidos, é o que eu espero. O que não acontece.
Volto para casa frustrado, me masturbo com um catálogo de sapatos. E espero o verão chegar ou que alguém tropece em mim.
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